quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Às flores



 
Meu lindo Diário,
 
Não te abandonei, mas como te havia contado entrei numa fase de renovações cá na casa. Anda tudo num grande reboliço: Paredes derrubadas, paredes erguidas, muito pó, entulho, gentes a entrarem e a saírem e felizmente agora, já muito do inferno dos barulhos e dos batuques acabaram, que no inicio estive quase para ir dormir com a criação, tal não era a tormenta por aqui.
 
Agora os quartos estão a ser forrados a papel, tudo às florinhas cor-de-rosa como convém, que é para ver se os hóspedes têm um sono tranquilo e me deixam as mobílias inteiras, porque tu como sabes, que já te contei, isto não é bem o Paraíso.
 
É muito lindo recebermos as pessoas e elas saírem encantadas, mas o mijo quem o limpa é sempre o mesmo, e quando eles chegam aos quartos de carraspana a gritar pelo gregório não querem saber para onde se vazam, que isto aqui não é deles, é da Navalha e toca a andar.
 
Mesmo assim, não me posso queixar muito, meu querido Diário. Sei quem são os beberolas crónicos e já mandei forrar a plástico transparente grosso as fauteuils dos quartos onde eles habitualmente ficam. Está tudo previsto.
 
Em Março recomeça tudo. A agenda está já a ficar cheia. Como te disse: Não me posso queixar.
 
Um beijinho da tua,
Marie