Aqui ao lado

Querido Diário:

Eu sou uma rapariga moderna. Não é pelo facto de ter nascido na provincia e ser empregada de limpeza que deixo os créditos por mão alheia. Procuro estar actualizada e instruír-me.

Desde que ouvi falar do Facebook fiquei logo com muita vontade de o conhecer.

Inscrevi-me e encontrei tanta, mas tanta gente a quem costumo limpar os blogs, que tu nem imaginas Querido Diário! Aquilo é um mundo!

Deixei-me estar no meu canto só a ver as modas, tentar perceber como funcionava.

Mas... Passadas umas horitas... Que desapontamento!!!

Aquilo é mais do mesmo! Ou pior do mesmo!

Sabes o que fazem? Eu digo-te Querido Diário: Publicam ali como no blog deles, depois aparecem uns quantos e dizem que gostam daquilo. Cada um faz-se amigo de cada outro, sem fazer a mais pálida ideia de quem sejam, o que interessa é ter muitos amiguinhos! Vê lá tu, que até encontrei gente que se faz fã de si mesmo! E pede aos outros para que sejam seus fãs!

Saí de lá muito tristinha, não sei se não me vou desarriscar de sócia do Facebook... eu bem sei que não se paga jóia mas, pronto, tu sabes, eu estava à espera de outra coisa, mais cultural, menos poucachinho...

E por hoje é tudo. Mando-te um beijito (esta do beijito é boa, não é? Aprendi no Facebook),

Tua Maria Navalha

São rosas, Senhores!!!

OLÁ!!!

Pensavam que se tinham visto livres de mim? Claro que não! Eu faço parte deste mundinho, faço parte das vossas vidas blogueiras e dou-vos ânimo! Vocês precisam de mim para dizer mal e se queixarem! Se não, coitaditos!

Regresso depois de mais um mês a limpar latrinas em Paris de France.

Trabalhinho de merda, dirão vocês muito enojados. É, pois. Mas pagam muito bem. E deu para treinar o meu francês que está uma perfeição. E para me actualizar nos modelitos sem ter que esperar alguns meses que eles cheguem até cá.

E agora, só para nós que ninguém nos lê... A diferença entre os wc franciús e alguns blogs daqui não é muita. Muito sarro, muito pentelho pelo chão, muita parede escrevinhada carregadinha de erros, muita copieta, muito fananço, muita prosápia. Mijam, mas nem lavam as mãos.

É só rosas. A culpa disto é do D.Dinis. Era curto de vistas e nem se apercebeu que a Isabelinha ao mentir uma vez, piedosamente, lhe havería de pregar mais umas quantas.

Por que pensam que nasceu o pinhal?

É como vos digo. Regresso, continuo a não gostar de cor-de -rosa. É tudo papel de embrulho.

Mais do mesmo

É o que eu digo. Esta cambada é toda muito intelectual mas não lê. Não está para isso, dá muito trabalho e aumenta-lhes as cataratas cerebrais.

Eu que ando por aí sempre numa fona, de esfregona e lixivia, bem os vejo. Eles é que não, não imaginam o que me rio à conta deles, da sua prosápia, uns pavões com carne de perú.

Armam-se em esquisitos, chamam saloios a este, este e aqueloutro, que não vão ao blog deste porque é kitsch (esta aprendi há dias), porque recebe prémios, porque é piroso, porque não tem música, porque tem música, porque é amarelo, porque sim e porque não e na volta - agora atentem bem!!! - visitam e comentam outros espaços desconhecendo em absoluto que o proprietário é exactamente o mesmo!

Não é de rir? Eu até rolei de tanto hilariedade!

Ai, ai... Se vocês soubessem...

É tudo prá boca!

bué é ké fixe!

Querido Diário,

A grande sensação da época Primavera-Verão 2009 é ter mais que um blog.

Um blogueiro que se preze não pode ter no seu perfil um reles e único blog. No mínimo dois e aceitável mesmo três.

Se olharmos para o conteúdo de um quase se adivinha o que vai nos outros, mas pronto, unzinho é mesmo tosco e básico, coisa de principiante, estás a ver?!

Por exemplo: Para não ficar muito evidente, um blog será de escrevinhações, o outro de fotografias, o terceiro de coisinhas suas, tipo as pegas que fizeram em crochet ou os desenhos que fizeram no toalhete da tasca da esquina.

Eu estou com um sério problema e não quero ficar atrás nem ser apontada a dedo. É que não sei mesmo que outro blog possa criar para fazer companhia a este... E se eu fizesse um a anunciar os meus serviços? Até podía dizer que era da Maria Lavaescada em vez da Navalha...

Não sei, ajuda-me Querido Diário.

Isto de andar a limpar a merda dos outros ocupa tanto tempo que pouco sobra para a minha imaginação...

Tua,

Maria Navalhinha

(Não ficou lindinho?)

Ficar preso

Eles andem aí!

Ah! Pois é!

Têm medo de se mostrar aqui no meu Diariozinho mas continuam aqui a vir e a lamberem-se à procura de alguma pista, a ver se digo nomes, se me descaio com alguma inconfidência.

Lá que sei muitos segredos... Isso é bem verdade. É que ninguém presta atenção à empregada de limpeza, mas garanto-vos que de surda não tenho nada!

Ainda há uns tempos andou por aqui uma visita nova. Até deixou rasto. Mas deve ter sido logo avisada que comentar aqui no blog da Maria Navalha dá mau nome, ganha-se fama, até podem achar que também anda na desinfecção. Coitados! Isto de se ficar preso para sempre a um descuido tem que se lhe diga.

Eu cá por mim - que continuo a ter muito orgulho naquilo que sou - não descarto uma prisão. Mas com algemas iguais a essas da fotografia que comprei numa sex shop quando andei a limpezas em Paris de França.

E para ser mesmo sádica, agora havía de dizer aqui quem também gosta de partilhar este viciozinho... Queriam! Era só o que faltava!

Continuem a vir aqui, eu sei que vêm e eu vou aos vossos quartinhos e deixo tudo num brinquinho. Mas não se queixem se um dia destes eu me passar de vez. É que podem não me dirigir a palavra mas eu não sou invisível! Nã Senhora!

Nem eu nem a navalha.

Décor&Ostentação

Já não há cu que aguente isto!

Querem lá ver?

Já não bastava as patacoadas que escrevem, os versos a condizer no som, tom, bom, pom-porompompom (esta foi para rimar), as fotografias 300.000 vezes já vistas, os erros na conjugação dos verbos, agora ainda lhes tenho que aturar a decoração das casas da cidade, mais a das casas dos suburbios, mais as do campo, da praia, da montanha, do inferno???

É tudo tão lindinho, tanto óleo na parede, aguarela por cima da lareira, ele é décor para o dia da Primavera, o da Páscoa, o do Senhorio!!!

Mas eu é que sei. Eu é que lhes limpo as mazelas... É ver o belo do cobertor à tigreza a cobrir o sommier...

Ração de combate

Nem sempre (é verdade!), nem sempre o verdadeiro artista está inspirado ou então a musa foi aos saldos do El Corte Ingles e não está para aturar-lhe as caturreiras.

Vai daí - como qualquer bom artista que se preze - socorre-se da sua despensa onde não faltam aquilo que qualquer boa dona-de-casa tem sempre como SOS: os enlatados.

Qualquer um sabe como os enlatados são a safa de quem não tem nada de imediato, ou no caso vertente, idéias de jeito que se postem para gáudio dos seus fãs.

Pois bem: O artista tem sempre à mão o seu enlatado de recurso, a chamada idéia de merda, o suprasumo das rações de combate, que nunca o deixa ficar mal.

E é vê-los a eles e a elas, todos nos bicos dos pés, a adorarem o seu artistazinho blogger, tão fantástico, tão inovador, tão genial a dispôr-se em mais um bodo aos pobres.

Eu é que sei, que eu é que lá vou limpar e sinto-lhes o cheiro... Aos enlatados e aos merdosos que não sabem distinguir entre uma obra de arte e uma bela bosta!

PS: Desculpem os meus fãs a imagem não ser rosa... Mas não encontrei merda dessa cor.

Bordadinhos

Arte ancestral e muito indicada para curas de espirito e de mãos ocupadas em sitios de corpo menos recomendados à moral, voltou a estar na moda.

Direi mesmo que aqui neste mundo tão peculiar se tornou para além de uma tendência uma verdadeira obssessão.

É vê-los a dar pontinhos aqui e ali, usar as linhas a partir da grelha policromática consoante o sitio onde vão cerzir o comentário e esperar que o remate mal amanhado não se note, que esta coisa dos bordados é como a semeadura, colhe-se o que se planta. Ou melhor, borda. Ou direi bordas?

Eu também sei bordar, que sou menina de familia, que pensam?!

Mas as minhas mãos estão grosseiras e duras de tanto trabalho de escovar, esfregar, enxaguar e desinfectar e mal toco nos tecidos (leia-se alguns blogs onde vou limpar) encarquilha-se todinho.

Está-se mesmo a ver que o resultado é que nunca recebo bordadinho nenhum de recompensa...

Deixá-lo! Sou mais de batas de chita, a bem dizer. Pelo menos não fico com a brotoeja dos pontinhos...

Vá lá não se acanhem!!!

Então dizía eu que precisava de um incrementozinho aqui pela caixita dos dizeres... Nem um!

Mas em contrapartida é cá uma bisbilhotice!

Paletes delas e deles (mais elas, mais elas!) a virem aqui cheirar a navalha, ver se falo deles, se me descaio em nomes!

Oh, Filhos?!

Atão acham que é preciso chamar os bois pelos nomes?

Todos sabem quem são!!! Mas como não querem perder a freguesia, calam-se como ostras. No fundo, fundinho, todos sabem que cá a Maria tem razão... e até concordam quando ponho o dedo na ferida... Mas o negócio tem muita concorrência e vai daí, há que aguentar que é serviço!

Vá lá! Eu não digo a ninguém. Podem deixar o vosso comentário. Mas nada de marotice, dessas apócrifas idéias de aparecerem com nick cinzento... Olhem que eu sei quem são, estou pertinho, pertinho de vomecês!

Ou já se esqueceram que sou a empregada de limpeza?

Visuais para impressionar

Então?

Como é que me acham? Estou benzoca? Acham que assim me aceitam entre os demais?

Tenho feito um esforço danado para me manter inteiraça, que pensam! Sim, que aqui onde me vêem ninguém me dá a idade que tenho! Aliás, aqui, eu posso ter a idade que eu quiser! Posso até ser galinha velha e andar por aí a armar-me em fraca a debicar no terreiro alheio, que isto da propriedade, é como vos digo, já era. O que interessa é impressionar, marcar posição, chegar primeiro e chegar bem, afastar a concorrência da outra bicharada, que andamos (quase) todos ao mesmo.

Ah, não pensem que me enganam!

As mais santinhas são as que partem a loiça toda, eu é que sei, que eu é que lhes mudo a cama e arejo os cómodos! É cá um pivete a azedo!

Bom, que me dizem então? É que estou a precisar de um incremento aqui pela caixa dos comentários... Ou terei de recorrer ao nu integral???

Não tenho amiguinhas

Querido Diário,

Estou tristinha.

Não tenho amiguinhas nest mundo tão lindo, tão virtual.

Não tenho amiguinhas a quem elogiar os textos, a quem enaltecer as imagens escolhidas, a quem copiar os templates. Quer dizer... roubar a idéia dos templates, sabes aquelas fotos de estátuas muito paradas, muito estáticas, muito silenciosas... que querem dizer tanto! Depois é só esticá-las, alargá-las para as dramatizar. De seguida pespega-se com uma frase bombástica, qualquer coisa, tipo SOS estou de pedra, ou outra qualquer que impressione. Só tem que impressionar.

De seguida, escrevinhar umas palavras muito lindas, num conceito tão restrito que ninguém percebe nada. Mas o objectivo é esse mesmo. Fazer de conta que se é muito inteligente, muito intelectual. Para os que nos lêem acharem-se completamente burros, estúpidos, muito aquém daquilo que se está mesmo a ver mas eles não atingem.

Já sabes o que sucede... Montes de comentários, montes. A exploração ridicularizada do que se pretende ser muito esperto, muito profundo, cada qual a deixar o comment mais entendido, mais limpido da mensagem.

Estou mêmo tistinha... Se eu tivesse amiguinhas destas podería fazer umas fotocópias muito bonitas, muito iguais, muito mais do mesmo, assim quando aqui viessem acharíam que estavam no blog dela. Ou dela. Ou daquela. Ou no da outra que coitada, tem tanto estudo, mas só sabe reproduzir o que vê nos sitíos dos outros...

Um beijinho... muito tistinho.... (isto não é erro, é mesmo para ler com a boca em biquinho)

Esta que assina tua,

Maria Navalha

Novos talentos

Apercebi-me que existem duas alturas chave para se aparecer na blogesfera: Quando acaba a silly season, lá pelas altuas do inicio do ano escolar e ao romper do novo ano, como decisão de 1º de Janeiro.

Estes noviços vêm cheios de pica, todos a postar, muito, muito, grandes filosofias, fazem a ronda de blogs completos, atiram-se aos links de um qualquer blog e vá de enfardar a lista inteira em visitas diárias com comentários mais ou menos extensos (quanto maiores mais probabilidades tem a minha navalhinha de agir).

Tratam o visitado como se o conhecessem de uma longa data, uma intimidade aberrante, pois por vezes até se enganam no género e chamam homem a quem é mulher e vice-versa, apelidam-no de querido, avisam-no Já te linkei! Convidam-no, refastelando no final da caixa de comments a sua assinatura, o digníssimo beijo e o link manhoso que levará o alvejado até ao nº acrescido de mais um comentário.

Mas o que é engraçado de ver é a resistência destes novos talentos. Daqui a um mês, dois, sem visitas e a postar para o boneco, o protagonimso nas lonas e as luzes da ribalta a entrarem em curto-circuito, deixam-se disto e lá voltam ao caminho que conhecem e que geralmente desemboca no hi5.

Maquilhagens

Bom, agora que já cá estamos todos a sério no novo ano já se pode fazer qualquer coisinha.

Quero eu dizer na minha, que a faxina já começou, que o lixo é muito e mesmo de mangas arregaçadas não me vai faltar trabalhinho nos próximos 360 dias, que a merda já vem do velho ano e velhos hábitos não mudam com duas cantigas.

Ora andava eu a arejar os blogs, enquanto lhes deitava uma lixivia nas pias, quando me deparei com uma outra série de copistas.

Eh! Lálá!

Que isto é coisa de malandro...

Não estou a falar daqueles que pegam no que é dos outros e levam, com erros, com fotografias, com comentários.

Estes são refinados.

Ora veja-se: Pegam num texto de um autor conhecido, bom, alguém que o saiba fazer em devidas condições, com trabalho publicado na praça. Sacam aqui uma frase, dali outra, recorrem a outro autor, fazem-lhe o mesmo e compõem um texto todo retalhado de palavras que não são suas. Depois, é só dar-lhe uma boa maquilhagem, umas pinceladas aqui e ali, acrescenta-lhe uma vírgula, substitui um sinonimo e PRONTO! Está feito!

E sabem vocês que a malta aplaude, adora , engole o embrulho e pede mais?

Pois é. Sempre os quería ver a brilhar sem ser à conta dos outros... Ai! Credo, Cruzes! Se calhar não quería, que o produto deve ser mesmo mauzinho...

Bom, lá vou eu, estas sanitas não se conseguem mesmo desentupir!

Ano Novo, velhas verdades

Ora digam lá se não entrei no Novo Ano toda janota?

Il Scarpi. Que é como quem diz, os escarpins, ou melhor as chinelas. Mas scarpi tem outra caga, é muito rosa, muito in, muito infiltrada neste virtual cheio de cagalhota. E de meias rotas escondidas nos sapatinhos... É que as novidades, são as mesmas de sempre!

Ah, Pois é!

Não mudou nada, alguns até se refinaram, miudamente claro está, que a cabecita não dá para mais. Encontro novas alianças, novas tribos, novos agrupamentos, mas vai-se a ver, era tudo farinha do mesmo saco e o lógico sería juntarem-se.

Até quando... Bom, essa incógnita não demorará muito a ser desvendada pois que o velho ditado do zangam-se as comadres contam-se as verdades assenta que nem uma luva.

E a Maria cá estará para limpar o sangue que fizerem. Sim, que eu continuo a ter muito orgulho naquilo que sou!