Vou mas volto!

Querido Diário,

Deixo-te por uns tempos.

As limpezas desta semana acabaram comigo e como não sou nenhuma moira vou de férias, que o corpo precisa de descanso e a alma de sossego.

Vou à terra passar os Santos e dar folguedo ao pensamento, retemperar forças e afiar a navalha.

Por isso, querido diário, meus lindinhos que me vêm ler às escondidas, passem bem e até um dia destes que não há-de ser muito longínquo!

Maria Navalha

Como aumentar as audiências

Não tem ciência alguma.

Não precisa de se incrementar o valor da prosa ou da poesia.

Não basta mudar o colorido.

Não chega ser premiado, memado, mimado.

Já estão mais que batidas as técnicas dos nús e do hardcore escrito.

É pouco pôr-se um sonzinho à abertura ou uma espiralzeca à volta do cursor.

As imagens a cintilarem já eram.

O segredo está em anunciar o fim do blog. Ou dizer adeus à malta. Ou ameaçar que foram maltratados e estão a padecer precisando de uma pausa que não se sabe quando termina. Afirmar a desilusão sobre este mundo. Dar a entender que é uma viagem só de ida e sem retorno à vista. Dar à sola.

Isso SIM!

É ver o pessoal a triplicar as visitas, de joelhos na suplica, por favor não faças isso!

Só me apetece amolar a navalha...

Querem ir? Boa viagem!

Para que serve (também) um blog

Quando se constrói um blog, aparece uma informação a dizer que o blog é um meio de se expressar opiniões, idéias, postar textos e imagens, diversão.

E é mesmo, que me tenho divertido à farta com as incursões que faço à conta da ménage!

Mas um blog também é uma ferramenta de trabalho. Branqueadora. Um disfarce a muito serviço de callgirl e callboy, um promotor da mais velha profissão do mundo.

De facto, as novas tecnologias devem chegar a todos e a tudo servir, sem dúvida, até o nosso governo o afirma.

E à conta dessa propaganda, disponibilizam alguns blogs sob uma inovadora forma de marketing, um leque de serviços de acompanhante, alterne e a dita propriamente.

É uma máquina de fazer dinheiro.

Claro que eu ganharía muito mais bastando apenas publicar as minhas memórias de alcova... mas o serviço não sería tão limpinho...

Do virtual para o real

De facto este mundo maravilhoso não pára de me surpreender!

Então não querem lá ver que há casalinhos arranjados aqui no virtual?

Pois há!

Começam numa de tretas, marcam o encontro, dão a pinocada, enfeitam uns tantos e é vê-los no seu melhor a encontrarem-se no gosto do furtivo.

A bronca é quando o entusiasmo arrefece na mesma proporção da temperatura da cama e lá vão eles em próxima caçada!

Aí sim, começa a festa, ou seja, as cenas de ciúmes, o exibir da intimidade através do blog como veículo de propaganda, chamam-se nomes, picam-se mutuamente, há até quem confesse que levou na tromba!

Ao melhor estilo mexicano com muita laca e cariño, vejo os filmes sem pagar bilhete!

Passam rápido de uma love story para um thriller com todos os ingredientes.

Mas curioso no meio disto tudo, é que depois de se ensairem na primeira vez tomam-lhe o gosto e eu, que não perco pitada como boa empregada de limpeza que me prezo, até aposto para acertar nos próximos casalinhos.

É rodar, é rodar, vê-las a elas e a eles passarem de mão em mão, rodagem completa!

Os agarrados

Como disse no inicio deste diário o que custa é a 1ª vez.

E eu todos os dias aprendo. E lá por ser doméstica, não sou estúpida.

Mas agora, explique-me lá quem souber, como é que se faz para estar on 24/24?

Eu esmiuço: nas minhas faxinas tenho descoberto bloggers que ao minuto respondem aos comentários, mal eles estão a cair logo os seus proprietários respondem na ponta do dedo. Sem intervalo. Sem horas de refeição. Sem irem ao wc. Sem fins de semana com a famelga. Sem férias. Nada.

É que nem com um portátil eu conseguiria ser tão incisiva e actuar no just in time!

(gostaram desta? aprendi num blog onde andei a tratar dos tapetes persas. Bem, não eram bem persas eram mais das lojas dos chineses, mas isto não sai daqui ok?!)

Ou chamando os bois pelos nomes, blogaholic!

Voltando à vaca fria: Como conseguem?

Só quero que me expliquem, nada mais! É que não quero ser mesmo uma viciada nestas coisas de bloguite aguda! Ter um diário já me dá um trabalhão, ser cor de rosa ainda mais, agora ficar agarradinha, Apre!

Ainda dou uso à navalha e corto os pulsos!!!

Os editados

Por mais cem anos que viva, que limpe, que arrume, que desinfecte nunca perceberei como existem tantos bloggers publicados.

É que pela amostra do que escrevem lá no virtual, duvido muito que alguém para além da familia e do pessoal da rua os compre.

São mesmo fraquinhos, uma falta de imaginação nos enredos, uma martelar de frases poéticas com cheiro de naftalina que nem mesmo a boa vontade dá pica para ler aquilo mais do que uma vez, quanto mais ficar com um mono a enfeitar a prateleira.

Mas eles andem aí, gritam aos quatro ventos que saíu mais um, mais uma obra deste seu humilde amigo que a todos convida para participar do feliz momento, com sessão de autografos e show a complementar o fastio de outras conversas, onde todos riem muito e em meia dúzia de minutos se tornam intimos do autor.

Depois postam no blog a capa do exemplar, as fotos da festa e por isto mesmo se banham nos seus instantes de glória, remoendo o que se passou, projectando já um Pulitzer para breve...

Quem tem unhas é que...

Ai a minha vida!!!

Acabo de descobrir que mulher blogger que seja respeitada e realizada tem que ter umas unhas como essas aí do lado.

Não sei bem porquê, mas tem de ser assim.

Deve ser para tocar guitarra. Ou para arranharem as costas dos ditos-cujos, já que tanta vez referem nos seus posts que o prazer é tanto que lhes espetam as unhacas e eles até gostam. Apreciam mãos finas com dedos compridos e longas nails!

Claro que manter umas facas destas deve dar um trabalhão do caraças! Mas a verdade é que volta e meia lá escrevinham nos seus blogs que vão à manicura, ou parafraseando-as, fazer as mãos.

Ora a mim quem me fez as mãos foram os meus paizinhos e embora a sujidade abunde e eu não tenha as mesmas a medir, não vejo bem onde podería encaixar mais um par!

E por outro lado, mesmo que conseguisse atingir tais centímentros de unha nunca tería condição de as manter!

É que não existem luvas para domésticas que aguentem sem furar e despesas já eu tenho muitas!

Só se passar a usar luvas de aço, daquelas dos talhantes... mas acho que essas mais a navalha são capazes de assustar ainda mais que o Freddy...

Os queridos diaristas

Querido Diário,

Anda por aí uma concorrência desonesta!

Isto não se faz!

É que eu tenho de tratar das limpezas dos blogs e não tenho tempo para te dedicar as 24 horas do meu dia como eles!

Mas confesso a minha inveja...

Aquilo sim, são diários à séria!

Logo que pulam da cama desatam a escrever aos seus queridos diários a maneira como passaram a noite, quantas cambalhotas deram, e que agora vão lavar os dentes e depois pormenorizam o que comem ao pequeno-almoço para favorecer o trânsito intestinal e depois, e depois e ainda mais depois. Tudo até ao último gesto.

Ficamos-lhe a conhecer as manias, as preferências, os tiques, as invejas, as comichões.

Querido Diário,

Perdoa-me, mas sou só a Maria Navalha e até para ter internet e escrever-te tenho que trabalhar para poder pagar a instalação. Por isso só aos pedacinhos...

É a vida...

Os produtivos

Um verdadeiro assombro.

Uma torrente.

Uma bica que não seca nunca.

Assim me refiro à arte ininterrupta a que alguns bloggers se devotam.

Acho que não dormem, só escrevem, dia e noite num acto contínuo de produção em massa como uma fábrica de ensacar chouriços.

É um fervilhar que não acaba, mal o dia toca a meia-noite, Pumba! Lá está post novo!

Mas se se abrir bem os olhinhos até se repara que é sempre muito do mesmo. Obedece a uma fórmula, palavras-chave, o contexto é sempre igual e para que não hajam erros (muitos, vá lá) não fogem do modelo.

Pois que quando se arriscam a tais aventuras, a máquina encrava.

Como eles só eu. Mas é mais com a esfregona. Ou a navalha.

Os virtuosos

Bom!

Depois da plástica à boca, de aprender os inhos todos, crescer pelo menos mais 15 cm, terei -AINDA- que ir para o conservatório. E ainda para Belas Artes.

É que sou muito básica para os virtuosos que por aqui circulam!

Ele é piano, ele é francês (ele é gato!), ele é viagens exóticas, ele é escrita, ele é pintor!

Carago!

Como é possível haver tanto dom num só blogger?

São uns verdadeiros génios ambulantes!

E eu, pobre de mim, tão só uma mulher da limpeza... que por acaso até lhes arruma e limpa as coisinhas e sabe de onde vem tanta caganeirice...

Pois é. A minha arte é mais a da Navalha. E nesta aposto que não me ganham!!!

Os transformistas

Esta é do melhor!!!

Andam por aí uns senhores a fazerem-se de senhoras e umas meninas a passarem-se por machos.

E é vê-los a escreverem no feminino (alguns até anunciam a sua orientação lésbica, lol) ao melhor estilo floreado arrancando rasgados elogios aos cavalheiros que pensam comentar a bela dama.

Por outro lado, elas: Armadas de caneta como falos em riste, verdadeiros espadachins verbais na arte da sedução do belo sexo.

Tudo para gáudio de um clube com direito de admissão que conhece no real o género.

Eu, que por lá ando na minha vidinha, limpa aqui, espana acolá encho o papinho com isto.

Mas ando a pensar se não podería também aventurar-me nesta mudança temporária... passaría a ser o Mário Navalha...

Que me dizes Querido Diário?

Os avisados

Mesmo que não se peça, mesmo que não se queira, mesmo que se sugira que não se gosta, aí estão eles.



Os que avisam, os precavidos, os que sabem, os que sabem sempre tudo, os que já passaram pelo mesmo (ou ainda pior!), os que já têm uma experiência de vida que lhes ensinou o que agora vêm ensinar também. É aproveitar, meus Senhores, que eles nem sempre duram!



No fundo, querem é falar deles, mostrar serviço, mostrar-se vividos.



Conhecem tudo desde eliminar a caspa definitivamente até ao melhor fundo de investimento com dedução garantida no IRS!

Haja sabedoria!

Não se aproximem daqui, digo eu!
Deixem-me enganar e bater com a cabeça nas paredes, que logo aprenderei!
E se o aviso não chega tenho a navalha de prontidão para cortar o mal pela raíz!


Mas ainda seríam capazes de me aconselhar sobre a melhor técnica para se amolar a lâmina...



Que grandes chatos!

Quando (ainda) continua a faltar o que dizer

Today I feel like those guys.

Ou seja, passa-se a bola para quem vem ler.

Os comentários serão o próprio texto.

Ainda mais fácil, não?!

Pois, mas para mim não serve.

É que eu odeio cor de rosa!

Quando não se tem o que dizer

Esta já aprendi!

Quando há falta de assunto ou a inspiração foi dar uma volta nada como preencher o espaço vazio do blog com uma bela imagem de nús.

Elas gostam, eles apreciam.

Para que não se diga que não há MESMO nada para dizer, some-se-lhe uma nota de rodapé, simples, despretensiosa.

Exemplo à imagem acima:

Eu, apenas eu despida de tudo. E a rosa que me veste.

Outro exemplo, usando o mesmo texto, mas para pôr o pessoal a arfar pela pontuação:

Eu, apenas, eu, despida de tudo. E, a rosa, que me veste.

Simples, não?!

Os trágicos

Fujo deles a sete pés!

Parece que entro num velório!

Tudo é triste e deprimente, profundo e lacrimoso, dramas de vida que se atropelam na pior das circunstâncias, buscam o lado negro pelo lado negro, miserabilizam-se na sua condição humana de pobres, derradeiros e devastados pela má sorte, atraiem outros da mesma estirpe, largam comentários que deixam os outros tristes, mas tão tristes que quase se sentem na obrigação de deveolver o comentário em tom de consolo.

Mas esta gente não quer ânimo nem boas energias.

Querem, gostam, cultivam a decadência do espirito e redutoramente afastam-se dos que riem.

Tudo se resume a terra queimada, pó, cinzas, NADA!

Apre!

Vade retro!

Nem a minha navalha é tão lúgubre!!!

Os amorosos

Querido Diário,

Já te disse o quanto és fofinho? E kiducho?

Ohhhhhhhhhhh!

Não estranhes eu tratar-se assim!

É como os amorosos o fazem aqui neste mundo tão bonito e cor-de-rosa!

Tudo é lindo e querido! Com muitos lacinhos, florinhas, coraçõezinhos, ursinhos e borboletas!

Tudo se resume a ser Kidu!

Não interessa o que se escreve ou a propósito do quê, o importante é colar-se umas nuvenzinhas muito felpudas com bichinhos guduchos e que têm umas legendas muito nitas a desejarem-nos Bom Fim-de-Semana, ou Boa Segunda-feira, ou Te Amo! ou Só pra dizer que lembrei de Você!

Ohhhhhhhhhhhh! Meu kidu, kidu, kidinho Diáriozinho!!!

Como te gosto!

Tua Sempre,

YMariazinha NavalhinhaY

Os rosinhas

Os rosinhas.

Ou como sub-título: Os louros e as louras.

Mas não vou usar este. Além de ser politicamente incorrecto, estou a pensar seriamente em tornar-me tanto ou mais que a Paris Hilton, que isto de se ser loura aqui por estas bandas é já franquia bastante e suficiente para se ser elogiado.

Até já comprei 2,5dl de água oxigenada a 30º volumes, portanto preparem-se para a nova Navalha arrasar!

Mas o que quero dizer com isto dos rosinhas é que de facto existe um núcleo - não tão restrito como sería de desejar - que não percebe nada de nada mas arma-se em sabichão, o que verdade se diga, me tem arrancado as maiores gargalhadas ao ver as tentativas interpretativas com que atacam os textos e as imagens postados.

Em último recurso recorrem a frases feitas ou ditados populares, citações de renome ou trechos de autores, na melhor arte do copy/paste arrematando o comentário com o já conhecido Lindo! Adorei!

Eu, quando não percebo, fecho a boca. Assim nem asneira nem mosca!

Os beatos e as beatas

À força, mas lá fui indo à catequese, fiz a 1ª e a solene das comunhões.

Quando chegou ao crisma, Alto lá!

(Olha o pecadozinho que é tão bom!!!)

E isto de se afirmar consistente nas convicções é para sê-lo não é para parecê-lo.

Quero eu dizer que anda para aí uma tropa fandanga de beatos que batem com a mão no peito mas têm a lingua mais afiada que a minha navalha. São muito "católicos", acreditam no Senhor, benzem-se na multiplicidade do gesto enquanto desfiam orações num terço e se lavam em água benta, que pode ser que assim, limpem a mente tão conspurcada.

Elas são a santa em pessoa, beatinhas de trazer por casa que ardem nas chamas do desejo (leia-se tesão), mas pobres, que ninguém as fuma...

E assim vai o andor, coxo, que eu sou mais o diabo mas pelo menos não me disfarço.

Os doze magnificos

Um grande número de bloggers deixa a sua vida ser regida pelo Zodíaco.

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Mais do que fascínio é uma crença, nalguns casos quase fundamentalista, tal não é a importância que lhe atríbuem.

Por menor que o argumento seja ou se apresente o perfil de outrém recorrem à carta astrológica, delimitam consonâncias e evitam os pontos negativos, conjugam estrelinhas e acham que dali pode surtir uma parelha.

Procuram o ascendente (e esquecem-se da curva decadente que demonstram), trocam informações sobre o signo chinês e exibem cartas em que o Mercúrio sobe, sobe até quase lhes explodir de satisfação!

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Esquecem-se que o homem é que faz o signo e não o avesso...

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Como não percebo nada disto e ainda tenho um longo caminho a percorrer até ser uma blogger como deve ser, deixo estas modernices para quem sabe da poda.

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Mas vou já avisando: não me venham dizer que sou Porco!!!

Os góticos

Querido diário,

Se me vires aparecer vestida de preto, maquilhada como para entrar num filme de terror e a escrever coisas como a morte, e lágrimas de sangue, não te assustes.

Não vou para nenhum velório nem baile de máscaras.

É porque me tornei uma gótica.

Não tem nada que saber, nem mesmo ser-se. Ou seja, não interessa que o gótico seja fundamentalmente uma filosofia de vida, uma essência, um estilo de arte que surgiu na Idade Média como contraponto a outro, o Românico.


Mas por aqui ninguém quer saber disso: basta que se monte um blog em negro, imagens de donzelas vestidas na mesma cor, unhas longas, pensamenteos sombrios com tendência para o suicida e voilá! Eis-me gótica!


Só tenho um problema... Tería que mudar o nome do meu espaço e acabar com o cor-de-rosa...

Mas Maria Navalha já é um belo de um nome gótico, não acham?

Os intelectuais

Há por aí um bando, que se arma em restrito, que escreve para ninguém entender.

Somam frases constituídas por palavras pescadas ao acaso no dicionário de sinónimos e, esquecidos de todo o sentido literário aplicam literalmente um maneirismo desprovido de toda a contextualidade. Preocupam-se no elevado surtir de efeito rápido, um impacto putativo e disléxico que enche a boca a quem os lê, factor surpresa que os emudece, pois a precaridade do resultado está na relação directa da fraqueza poética do autor.

Chegam, postam e colocam-se num pedestal de pés de barro que se alguém lhes pedir explicações sobre o que significa, insignificantemente lhe serão arrancadas verberança bastante.

E esta?! Também eu sou capaz!

Esoterismos

Sou muito pão-pão, queijo-queijo. Não acredito em bruxas (só as que se cruzam comigo e são feias), em coisas do além e não sei ler a sina nas folhas de chá que ficam no fundo de uma chávena.

Mas por aqui, isso tem o seu peso. E até dá uma certa respeitabilidade.

Se se publicar uma história em que se viu nas nuvens a cara de um defunto a alertar para os maleficios da urtiga, que se vislumbrou uma sereia triste ou que as simples palavras postadas foram sopradas numa noite de tempestade, isso é sucesso de bilheteira.

Passa-se a encarar o blog e o seu dono de uma outra forma, de alguma maneira atribui-se-lhe um poder extra-terreno (será extraterrestre?!), adquire-se fama de pessoa sensível. Há alguns que até conseguem enviar boas vibrações e fluidos, assim, só de pensarem, mesmo que estejam do outro lado do oceano.

O segredo está todo no misticismo com que se impregna o verbar.

Ora, eu a única história que posso contar é a da minha tia Alcina Navalha quando foi à Feira Popular e meteu uma moeda para a Dora lhe ler a sina...mas acho que não tem lá grande interesse e sendo assim, fico na minha: histórias de assombrar só as da Navalha.

Maria Navalha.

Viagens

É fascinante observar num mapa-mundo as viagens que muitos bloggers já fizeram.

A bem-dizer, viajam tanto que pouco tempo lhes deve restar para irem trabalhar ou até ficar por este cantinho à beira-mar plantado, ou até manter um blog, que mesmo com um portátil não percebo como em 24H e tanto tempo nos aeroportos, conseguem dar ao dedo para escrever o que quer que seja.

Depois, é vê-los no regresso de papo cheio, plenos de fotografias exibidas para grande salivar dos outros.

Eles vão à China, já conhecem a Europa de cor e salteado, gritam aos quatro ventos a sua presença nos States no malfadado 11 de Setembro.

Mas! Depois reparo...

Então isto não é uma fotografia de Cebolais de Baixo? Ou será de Cima? Ou é da Merdaleja? Ou é do Google?

Limpezas de Primavera

Querido Diário,

Que grande susto apanhei!

Com a minha mania de deixar tudo limpinho e porque alguns blogs nunca tinham visto uma faxina em condições, arregaçei as mangas e deitei-me ao trabalho.

Limpei o pó aos prémios, aos selos, aos memes, aos poemas, às meninas sem roupa.

Depois vá de usar o aspirador!

E qual não é o meu espanto quando terminei de aspirar, não tinha restado nada!!!

Que faço, meu Diário?

Despejo o saco do aspirador e devolvo tudo à procedência?

A fina arte de bem recortar

Será por preguiça, será por falta de arte, será para mostrar serviço muitos bloggers recorrem aos trabalhos manuais.

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Quer isto dizer, que por aqui e por ali vão sacando pedaços de textos e até de comentários, acrescentam-lhe uma bela imagem e exibem uma manta de retalhos, que mais ou menos postam como obra única.

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Ora se se pesquisar por este universo afora, deparamo-nos com o conteúdo original, que lido de fio a pavio nada tem que ver com o produto recortado.

Para além de delapidarem o trabalho alheio menosprezando o autor original, ainda se tratam os comentadores como perfeitos idiotas, que na verdade alguns não o deixam de ser pela forma como avaliam o que está postado.

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Não há vergonha na cara para a forma como estes artesãos de meia-tijela põem os motores de busca a trabalhar para si e é vê-los alegremente a publicarem extractos de cartas de alcova à mistura com letras de música do folclore brasileiro, tudo na mais fina arte de découpage.

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Livra! Qualquer dia ainda me pedem a navalha emprestada!!!

Abstracto

Por estas e por outras se vê que a minha cultura artistica está muito aquém...

Ainda tenho que comer muito pãozinho duro para perceber certas coisas.

Falo de arte.

Abstracta.

Ou o que alguns bloggers chamam de arte. O abstracto é meu, pois não percebo nada do que vejo e tão pouco vejo aquilo que os outros dizem ver.

A mim, parecem-me uns mamarrachos e até a fazer o pino não descortino uma florinha que seja.

Aparecem umas pinceladas ou uns borrões e aí está: Bravo! Genial!

E acrescentam-lhes uns comentários que verdade, também eu não entendo, que depois de esmiuçado não fiquei iluminada sobre o que falam ou que género enquadram a pintura. Será cubismo? Neo-realismo? Algum ismo que esteja por inventar?

E as imagens todas negras só com uma cuspidela no meio?

Essas arrancam adjectivos Brutais! (O brutal aprendi, não é meu).

Hei-de ensaiar umas pinturas assim.

Peço ao meu conhecido da construção civil para me pintar um papel e depois atiro-lhe com a lexivia.

Só para ver o que dá...

Quanto mais choras, menos...

Querido Diário,

Sinto-me uma insensível, com falta de sentimentos, tenho um coração duro.

Aqui por estas bandas muito se chora. Quando se está triste e quando se está contente.

Não sei se usam algum tipo de colírio ou se trabalham na cozinha de algum restaurante, pois muita cebola devem descascar e partir.

Ele há lágrimas que até inundam e de todas as maneiras e feitios, cores e paladares: espremem as de crocodilo na janela de comments, saiem em riachos pela abandono do amado, saltam em vagas pela alegria de uma noite bem passada.

Alguns referem como lhes é dificil pôr o saco lacrimal a funcionar mas com jeitinho lá dão qualquer coisinha para o peditório e no final pingam umas quantas a sublinhar a ocasião.

Eu já tentei de tudo mas não dá, não me comovo, não verto uma gotinha sequer.

Acho que a solução passa pela pia de água benta da minha igreja... hei-de trazer um frasquinho de lá e quando a ocasião se proporcionar já estou prevenida.

Anjos & Marmanjos

Não sou nenhuma descrente mas esta coisa dos anjinhos não me seduz lá muito...

Tenho que me render às evidências: não há nenhum blog que se preze que não tenha ou fale dos seus anjinhos e das suas protecções (embora não tenha protector de boca, que vejo por lá cada bacorada que até me benzo!).

Ele é anjo pr'aqui, anja pr'ácolá... e o pessoal gosta, que eu vejo-os a darem às asas e a esvoaçarem como melgas atraídas pelas lampadas em noites de Verão.

Depois, têm sempre umas imagens muito bonitas, muito rosadas, algumas até com brilhos nas asinhas que até faísca!

Mas, ponho-me a pensar... se os anjos não têm sexo, como é que aparecem umas anjas de peitos fartos e roupa interior que parece ter sido comprada numa sexshop? E os anjos? Sempre muito musculados a atirarem-se às bocas delas ao melhor estilo de beijo francês?

Tenho muito que aprender.

Para já tenho que arranjar um anjo, um só para mim. Mas quero um anjo com a cara do Pitt e o fisico do Newman, todo cor-de-rosa.

Cor de rosa?

Hum... assim parece que fica com um piquinho...

Palminhas, palminhas!

Ai, que lindinho!

Agora que já fiz 30 dias de blog rosa havía de fazer uma festa de aniversário!

Como fazem os meus companheiros!

Basta que se chegue ao post nº 100, ao primeiro ano de existência do blog, à data de nascimento, seja do blogger, do pai, da mãe, do vizinho e até do cágado!

O que interessa é a festa!

E ter mais um motivo para chamar o pessoal.

Se ele não aparece de livre vontade a gente vai lá e diz que está de parabéns, insinua-se, agradece no espaço alheio o ror de visitas, que assim acaba por despertar a cusquice de outros e até se acrescenta mais uns algarismos jeitosos ao número de visitas!

Mas passou-me... Ando tão atarefada com as limpezas da Primavera que nem tenho tido cabeça para festas...

Não faz mal.

Quando chegar aqui à limpeza número 1000 dou uma festança e a faxina fica por conta cá da Navalha!

O Dia do...

Todo o santo dia é dia de qualquer coisa.

Inventam tudo e mais alguma. Acho que só falta inventarem o dia dos pés chatos ou o dia da merda. Aliás, até existem dias que acumulam várias efemérides, sendo o Dia do Trapo, o Dia do Roto e o Dia do Nú festejado em conjunto no mesmo dia aprazado.

Ora, aqui neste universo tão rosado ser o Dia de QQ Coisa é mote forte e suficiente para postar em grande. Inventam-se adjectivos, superlativam-se as qualidades e obrigação do festejo com direito a foguetório por parte de outros bloggers, que de mãos dadas publicam e replicam a mesma coisa até à náusea.

Eu é que sei que eu é que vou lá limpar os restos da festa: da bebedeira da esbórnia nem ressaca resta para o dia seguinte e já todos pensam é na próxima foto ou texto a publicar sobre a próxima elegia do Dia.

E o lixo conta muito sobre os seus donos...